As viagens
São longas
as viagens
não há caminhos
largos ou extensos
que não se tornem
lentos com o tempo.
Viagens são o acento
que muda com
a força e a energia
do vento.
Argutas viagens
são passagens
através do que
penso
e do que pensa
o momento
ganha a vida
com o aumento
desse tempo
que é vento
que se expande
e se divide
concentrando
sua espada
numa espera
entre viagens
que não trazem
ninguém de volta
pois sou tão diferente
agora e
tão distante do
que era
do que fui, antes
tão distinto
do que serei
daqui há um instante
aperto o peito
sufoco o choro
e canto
aquela canção
me conforto
e me comporto
trago lenha
prá fogueira
sou a festa
e sou a ceia
fecho-me
sou a lua inteira
lua cheia
que se esconde
no vazio
das esteiras
das escadas rolantes
Brilho em meio
ao asfalto quente
corro na direção
do leste
vivo à espreita
sou felina
e sou feminina
num acalanto
me desvelo
e me auto-revelo
agora sou errante
só, eu sorrio…
grito e rezo
sou viajante
nas estrelas
me espraio
sou caminhante
sou errante…
das viagens
sou amante
sofro e gozo
nesse espaço
que encanta
e me assusta
sou a planta
e sou a vida
A ferida
cicatrizada
já não dói
no peito aberto.
Viagens,
são mesmo
passagens
são sinais sincronizados
da trama
muy delicada
dessa teia
que é a vida.
Ingrid Cañete
31/08/08 – 01/09/08
(no avião)