
Famílias são traços
Famílias são traços, são marcas do tempo,
No tempo e no espaço.
Famílias opostas, impostas e expostas.
São veias abertas, são ossos em pé.
Famílias que vejo, que leio e ouço,
que encontro em alvoroço
nas linhas da fé.
Se fazem e se desfazem ,
Se encontram e se procuram ,
se amam e se anulam,
se matam e se esconjuram,
no escuro do não saber
o mapa de seu apuro.
Famílias são engraçadas,
são grandes e são pequenas
amostras do que chamamos
o mapa da humanidade.
São tapas na auto-estima,
Feixes de inveja e de injustiça.
Dúvidas eternas guardadas, herdadas.
Medos imensos e inofensivos,
Medos mínimos, tão destruidores.
Cerne de tudo o que é bom
e luminoso como o caráter,
a lealdade, o respeito,
a bondade, a responsabilidade,
a igualdade, a fraternidade,
a alegria de ser com,
o prazer de criar,
o êxtase de amar
e de ser amado.
Famílias quadradas e tão retrógradas.
Famílias redondas, convexas, tortas,
Desconectadas.
Famílias abertas ou fechadas,
Organizadas ou atrapalhadas.
Famílias muito avançadas
E elevadas.
Famílias, sempre são traços de um tempo
Que arde no espaço.
Mistério a ser desvendado
No túnel do amor reinventado.
Ingrid Cañete