
Fora do tempo
Dias, anos
tardes, manhãs
Medidas de um tempo
que não existe.
Quando nasci
pela primeira vez
não era esse
o meu olhar
por ti…
Se escolhi nascer
e sei que escolhi
descer, exatamente,
assim e aqui
Onde está
a visão de luz
que quase me cegou?
Confundo-me ainda
quando olho o céu
em meio a estrelas
não te avisto mais
ouço vozes, sussurros
posso sentir a chuva
queimando-me está
essa lembrança dúbia
Passam-se dias
meses, anos
persigo manhãs
e sorrisos
percorro tardes
e noites
que apenas
sugerem abraços
amigos…
Lembro-me total
absoluta e eternamente
de tudo antes
de chegar, aqui!
Como é possível
não saber onde estou?
que lugar é esse,
por favor quem sou?!
Calo-me por um
suspiro – instante
Fecho-me em
minha concha-corpo
Inspiro e volto a suspirar
Saudades de meu eterno lar…
Ingrid Cañete 04/01/11